Eu estava deitado na cama macia e
quente. Abri os olhos devagar e olhei tudo ao redor. Em minha mão esquerda
brilhava pela primeira vez uma bonita aliança de ouro.
O quarto era bonito e aconchegante, com
suas diversas camadas de longas cortinas de voil branco. A porta que dava para
a pequena varanda estava aberta e uma brisa campestre fria e gostosa enchia o
ambiente. Lá fora os pássaros assobiavam freneticamente, saudando a bela manhã
que havia chegado. O sol despontava acima dos morros verde-amarelados cobertos
de capim alto e ondulante e banhava o quarto em uma agradável claridade laranja-avermelhada.
Eu me levantei, semi-nu, e andei até a
porta, abri as cortinas e tive a mais linda visão: como se fosse uma pintura em
graciosos movimentos lá estava ela, a
minha amada, sentada em uma cadeira de bambu, com uma taça redonda na mão. Era a
mais bela mulher que já havia passado por minha vida. Suas pernas morenas estavam
cruzadas perfeitamente e sobre seu corpo repousava um hobbie de seda dourada,
dando a ela o aspecto das mais lindas deusas gregas. Ela bebericava o vinho tinto
que deixava seus lábios vermelhos e molhados. Seus olhos estavam fechados e sua
cabeça encostada no espaldar alto da cadeira. O perfume que ela usava tinha um
cheiro agradável, como se tivesse acabado de sair de um banho morno, e chegava
até mim, deixando-me ainda mais fascinado por ela.
Então ela abriu seus radiantes olhos
castanhos e olhou para mim. Sua boca se abriu num sorriso feliz e ela levantou-se,
vindo caminhando em minha direção, suas belas curvas dançando magestosamente
para mim enquanto eu sentia-me incapaz de parar de olhá-la, perplexo com
tamanha perfeição.
Ela chegou até mim e envolveu-me num
abraço quente e me beijou, o gosto de vinho passando para minha boca.
Isso foi tudo que consegui me lembrar
daquela manhã. Agora eu estou aqui deitado em minha cama, sozinho. Minhas mãos
estão fracas, enrugadas e nodozas. Meus cabelos estão brancos. Já não tenho o
vigor da juventude. O que me resta agora é esperar a morte e contentar-me com recordações,
ainda muito vívidas e nítidas na minha mente já envelhecida, de minha amada que
já partiu.
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