quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

4 COISAS QUE VOCÊ PRECISA FAZER ANTES DE COMEÇAR A ESCREVER UM LIVRO

ANTES DA BATALHA



    Peter estava sentado pensativo em um banquinho improvisado de toco de árvore. A espada embainhada estava apoiada em seu joelho e ele limpava caprichosamente o punho dourado da arma. Aquilo era um só um ritual, pois, por mais que limpasse, aquilo seria novamente manchado do sangue inimigo.
    Ele estava tenso. O exército iria fazer uma investida durante a madrugada, na tentativa de tomar a forte cidade de Henlenberg. Era a primeira vez que ele estaria em uma invasão e apesar de todo o preparo, um pouco de medo assombrava seu coração.
    Peter se levantou e entrou na tenda que dividia com Arthur. O homem ruivo, corpulento, com diversas cicatrizes no rosto e nos braços parecia agora indefeso, dormindo profundamente. Peter sem fazer barulho,  deitou-se do outro lado da tenda, pousou a espada em ao seu lado, imaginando o quanto ela teria que trabalhar dentro de algumas horas e então adormeceu.

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DICAS PARA NOVOS ESCRITORES | TOP 5

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

PRIMEIRO ESBOÇO DA CAPA DO MEU LIVRO

Estou escrevendo meu primeiro livro oficial. Esbocei hoje esta capa.
:D

LUA DE MEL


Eu estava deitado na cama macia e quente. Abri os olhos devagar e olhei tudo ao redor. Em minha mão esquerda brilhava pela primeira vez uma bonita aliança de ouro.
O quarto era bonito e aconchegante, com suas diversas camadas de longas cortinas de voil branco. A porta que dava para a pequena varanda estava aberta e uma brisa campestre fria e gostosa enchia o ambiente. Lá fora os pássaros assobiavam freneticamente, saudando a bela manhã que havia chegado. O sol despontava acima dos morros verde-amarelados cobertos de capim alto e ondulante e banhava o quarto em uma agradável claridade laranja-avermelhada.
Eu me levantei, semi-nu, e andei até a porta, abri as cortinas e tive a mais linda visão: como se fosse uma pintura em graciosos movimentos lá estava ela,  a minha amada, sentada em uma cadeira de bambu, com uma taça redonda na mão. Era a mais bela mulher que já havia passado por minha vida. Suas pernas morenas estavam cruzadas perfeitamente e sobre seu corpo repousava um hobbie de seda dourada, dando a ela o aspecto das mais lindas  deusas gregas. Ela bebericava o vinho tinto que deixava seus lábios vermelhos e molhados. Seus olhos estavam fechados e sua cabeça encostada no espaldar alto da cadeira. O perfume que ela usava tinha um cheiro agradável, como se tivesse acabado de sair de um banho morno, e chegava até mim, deixando-me ainda mais fascinado por ela.
Então ela abriu seus radiantes olhos castanhos e olhou para mim. Sua boca se abriu num sorriso feliz e ela levantou-se, vindo caminhando em minha direção, suas belas curvas dançando magestosamente para mim enquanto eu sentia-me incapaz de parar de olhá-la, perplexo com tamanha perfeição.
Ela chegou até mim e envolveu-me num abraço quente e me beijou, o gosto de vinho passando para minha boca.

Isso foi tudo que consegui me lembrar daquela manhã. Agora eu estou aqui deitado em minha cama, sozinho. Minhas mãos estão fracas, enrugadas e nodozas. Meus cabelos estão brancos. Já não tenho o vigor da juventude. O que me resta agora é esperar a morte e contentar-me com recordações, ainda muito vívidas e nítidas na minha mente já envelhecida, de minha amada que já partiu. 

segunda-feira, 31 de outubro de 2016

ÁGUA FRIA DO RIACHO

A manhã estava quente e uma brisa agradável trazia o cheiro de terra, fazendo tudo ficar muito nostálgico. Leonardo estava sentado no chão de terra poeirenta, apreciando a paisagem. Seus pensamentos divagando em coisas que mais tarde nem se lembraria.
As folhas e pétalas do gracioso ipê amarelo já haviam encoberto todo o chão à sua volta e estava sacudindo levemente seus ganhos ao toque da brisa. O riacho que corria vagarosamente pelo leito pedregoso fazia um barulho gorgorejante e tranquilizante. Cavalos pastavam calmos sobre os pequenos morros verdes do outro lado do riacho.
Leonardo levantou-se e andou sem pressa até a margem arenosa das águas. Seus pés afundavam no terreno molhado. Então ao longe ele viu, correndo ao seu encontro a bela Mariana, graciosa em seu vestido florido e os cabelos balançando soltos ao vento. Quanto mais se aproximava, mais ele via o radiante sorriso da moça que tanto amava. Ela o abraçou num salto e o beijou. Um beijo ardente que se misturava com a deliciosa sensação de estar sendo molhado pela água fria do riacho.

INVERNO





A estrada estava agradavelmente vazia quando a família Jones voltava de um proveitoso final de semana na Pousada Sunflower. Haviam também visitado juntos pela primeira vez a estação de esqui Rockfield. Era um fim de tarde claro. O fraco e amarelo sol se punha vagarosamente atrás da vasta planície recortada de vários lagos congelados. O radio do carro estava ligado e tocava baixinho a música Total eclipse of the heart de Bonnie Tyler, enquanto Paul tamborilava inconscientemente os dedos no volante, dirigindo devagar e cuidadosamente pela estrada molhada. Jane cantava baixinho algumas partes da música e lixava as unhas, aproveitando a claridade dos últimos raios solares. Um garotinho de quase três anos estava no banco de trás, dormindo serenamente em sua cadeirinha.
Jane olhou para o filho e sorriu. Sentia-se bem e feliz . O marido e o filho eram tudo o que ela podia chamar de família. Não havia mais ninguém além deles, com quem tivesse algum vínculo familiar.
A noite chegava, lançando escuras sombras pela estrada serpenteante. Vez e outra passava algum carro na direção contraria, agora com faróis acesos, suas luzes cintilando nas camadas de gelo acumuladas à beira da via. Não faltava muito para chegar à White River e Paul acelerava um pouco mais, aproveitando a estrada que estava agora seca.
Jane passou a mão nos cabelos castanhos e lisos de Paul, que lhe desciam na testa em uma discreta franja diagonal. O homem sorriu sem olhar  para ela, apreciando a carícia. Seus olhos eram um tom de azul claro acinzentado, extremamente penetrantes e a barba bem feita emoldurava seu largo maxilar. A mulher reclinou o banco para trás e deitou-se. Em pouco menos de uma hora estaria em casa e poderia descansar confortavelmente, então fechou os olhos e adormeceu.
Paul olhou rapidamente para a mulher ao seu lado. Era graciosamente bonita. Seus cabelos cacheados e castanhos fundiam-se com sua pele morena rosada. Seus padrões eram diferentes da grande maioria das mulheres daquele país, devido a sua descendência latina.
Faltava pouco mais de cinquenta quilômetros para a entrada de White River e nesse ponto a estrada ganhava muitas curvas. Então, depois de sinuosa curva, um animal grande e escuro estava no meio da pista. Paul apertou o pedal do freio com força e tentou desviar, mas o carro deslizou perigosamente, e girou de lado. O impacto foi inevitável e a porta ao lado de Paul afundou. O carro foi erguido no ar e capotou por duas vezes, parando de pé, na posição original.
Não deu para entender o que havia acontecido nos últimos cinco segundos. Jane sentia o corpo todo doer. Quando compreendeu, sua boca se abriu num grito que nunca foi ouvido. Algo quente escorria do lado de sua cabeça, descendo até seu queixo. Ela estava presa contra o painel do carro e sua cabeça virada para o lado de fora do veículo.
- Paul! - gritou ela, com lágrimas descendo pelo rosto - Paul, por favor.
O homem não respondeu. Então um som aumentou ainda mais seu desespero. Um menininho começou a chorar.
- Jack! Jack! Ai meu Deus! Jack!
Jane tentou empurrar para trás, com o braço que conseguia movimentar, o que a prendia, mas foi inútil e só fazia aumentar a dor. Então ela viu o espelho retrovisor quebrado, pendurado precariamente do lado de fora do carro. Com muito esforço ela passou o braço pelo buraco com cacos estilhaçados, onde há poucos instantes existira um vidro e puxou o objeto. Com dificuldade tentou localizar o filho pelo reflexo do espelho, mas conseguiu vê-lo ainda preso ao cinto de sua cadeirinha. O teto amassado quase tocando a cabeça do garotinho que ainda chorava, mas aparentemente estava bem.
Jane chamou em prantos novamente pelo marido, mas ele continuava a não responder. Então ouviu o som de um carro que se aproximava. O veículo parou e Jane ouviu vozes.
- Vá buscar ajuda! Rápido! - soou urgente  a voz de uma mulher.
Segundos depois o motor do carro roncou e foi sumindo. A dona da voz murmurou algo que Jane não compreendeu.
- Por favor me ajuda - disse Jane. O desespero transparecendo nitidamente em sua voz.
Uma senhora de uns cinquenta anos apareceu do lado do carro onde Jane estava. Seu rosto também estava assustado.
- O meu filho. Tira ele do carro - pediu suplicante.
- Fica tranquila, moça, - a voz da senhora soou calma - seu filho está bem. Meu marido foi buscar ajuda.
- Meu marido não me responde - continuou Jane.
- Ele deve ter desmaiado com o impacto. Fique tranquila, a ajuda já vai chegar.
Ao longo de dez minutos que mais pareceram uma hora, Jane viu chegar mais alguns carros que paravam próximo dali. Então ouviu uma sirene tocar se aproximando e luzes vermelhas intermitentes brilhavam ofuscantes no seu pequeno raio de visão.
Quanto tempo passou Jane não conseguiu calcular,  mas agora, o som do metal sendo desdobrado e rasgado enchia o lugar. Pessoas vestidas de branco e outras de vermelho circulavam pela escuridão, dando e executando ordens.
Os bombeiros que cortavam o ferro retorcido finalmente conseguiram abrir espaço suficiente para retirar Jane, que agora estava com o pescoço imobilizado. Quando a colocaram na maca, Jane não pode ver nada além dos rostos das pessoas que a empurravam e o céu escuro e nublado. Quando chegaram à ambulância, Jane ouviu a voz do pequeno Jack e percebeu que ele já estava lá dentro. Então inclinaram a maca para fazê-la entrar no veículo e Jane sentiu que lhe roubavam a vida. Ela viu Paul. Os olhos do homem  estavam fechados e sua boca entreaberta como se estivesse dormindo. Uma coisa sólida, branca e sangrenta havia rasgado seu braço direito, de dentro para fora, que agora pendia molemente ao seu lado.

Medo e desespero se misturaram dentro de Jane e ela gritou. Gritou coisas ininteligíveis. Gritou entre lágrimas o nome de Paul. Mas Paul não podia ouvir. Paul não estava mais ali.

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